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domingo, 19 de setembro de 2010

Bento Cangamba Vai Casar


É hoje que o empresário Bento Cangamba pede em casamento a uma sobrinha do presidente José Eduardo dos Santos chamada Avelina. O namoro entre os dois passou a ser comentado em Luanda apenas ao longo dos últimos dois meses.
Avelina dos Santos é filha de irmão mais velho do presidente angolano, o empresário Avelino dos Santos, e irmã de Catarino dos Santos, uma influente e bem conhecida figura de Luanda.
Na Azáfama dos preparativos para o pedido, já na Quinta-feira familiares chegados da noiva com responsabilidades empresariais haviam decidido cancelar parte dos seus compromissos, o que pode dar uma idéia das expectativas reunidas em volta de tal cerimônia.

Porque, de resto, as notícias disponíveis apontam para um acto deslumbrante e propenso a criar uma tendência entre os jovens casadoiros angolanos que forem abastados, como por descendência ou por factos adquiridos são os noivos.
A noiva trabalha como secretária do tio, o presidente José Eduardo dos Santos, enquanto que o noivo reúne uma vasta colecção de títulos, ou apenas designações: oficial general das FAA, deputado, membro do Comité Central do MPLA, empresário, dono e fundador de um popular clube de futebol, o Kabuscorp, filantropo e morador ilustre do Palanca, o seu bairro de eleição.
É assim que um popular site angolano da Internet anunciou a intenção do empresário celebrar a ocasião com um cortejo de helicópteros, no lugar daqueles que os mais comuns nubentes realizam de automóvel, uma velha tradição que, na sua génese, tinha por fim notificar a sociedade do compromisso selado com o pedido do noivo.
Essa notícia foi recebida em Luanda mais com a jocosidade que caracteriza angolanos do que com quaisquer ressentimentos. Um leitor do Semanário Angolense brincou, dizendo que, para Bento Cangamba, a perspectiva desse compromisso é tão importante, que não se importa de mover ventos e tempestades para o ir comunicar também ao criador.
Mais sóbrio, um outro leitor declarou que seria possível que a família da noiva, geralmente caracterizada pela humildade ou apenas pelo comedimento, não fosse aceitar envolver o seu nome numa tão ostensiva empreitada.
O cenário de uma cerimônia tendo Bento Kangamba como o centro das atenções, diante de familiares da sua amada como o presidente José Eduardo dos Santos, ao qual em pelo menos uma ocasião manifestou uma incondicionalidade indefectível, ao falar publicamente sobre uma hipotética sucessão presidencial, também gera comentários.
Essas observações foram, entretanto, feitas a este jornal da mesma forma desportiva que a primeira, falando-se, aí, de um noivo excessivamente solicito e sem vontade de barganhar datas, locais e outros quejandos ligados ao casamento, quando não estivesse a tremer até não se agüentar pelas canelas.
A suar, mesmo neste cacimbo que se apresenta rigoroso para os padrões de Luanda, já se sabe que vai estar, brincou o primeiro dos leitores aqui citados, sobretudo se for com um «smoking» igual ao que costuma usar para ir ao parlamento, aos bancos ou aos conclaves do seu partido.
O que se espera mesmo, contudo, é que, quando tiver concretizado o pedido, depois de ser devidamente espremido, Luanda receba de volta esse ilustre morador já destituído de ambições, provavelmente, por ter conquistado a maior, que é a cedência da mão da sua amada Avelina.

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